Vou confessar uma coisa pessoal: ainda não tirei a carteira de habilitação e não comprei um carro, e isso é uma grande “trava” que eu tenho que lidar há alguns anos.
Falta de oportunidades nunca foi. Já tive vários momentos. Primeiro não dei bola pra autoescola por anos, depois fiz e não passei e tô na terceira vez (com processo pra vencer até o final do ano! Kkkk)
Já me senti muito cobrada pra vencer isso. Procrastinei o tanto que eu pude. Mas ultimamente, esse bicho papão bateu na porta muito forte de novo e eu tive que olhar pra ele. E veio tudo: medo, sensação de incapacidade, o trauma de ter que ir naquele Detran de novo, até pensar “e seu não for” de novo kkkkk
Só que ter consciência e estar em um processo terapêutico não nos deixa voltar né? Por isso que muita gente prefere a ignorância e não tocar nos seus processinhos. Eu, lá no fundo, sabia que essa coisa toda da autoescola e do carro era só o iceberg de um babado bem maior.
Li, levei pra terapia, conversei com várias pessoas e refleti muito esses dias sobre como a criança que eu fui ditou (ou ainda dita) algumas das minhas formas de agir. Eu fui a “criança que nunca deu trabalho”. A que só tirava notas altas, não trazia demandas, caladinha. Então, lidar com o fracasso e me expor a situações desafiadoras não foi muito comum não.
Simbolicamente, vou precisar viver a experiência de dirigir minha própria vida. Vou ter que ver que viver também envolve correr riscos. Vou lidar com situações que não posso controlar. E isso tudo dá medo pra caramba.
Não sei quando vai acontecer, mas sei que uma hora vou passar por isso. Ouvi de muitos amig@s que tirar CNH também foi traumático pra el@s. Isso me confortou: não estou sozinha nem sou menos por não conseguir lidar tão fácil com isso.
Então, sim, olhar pra esse desafio de forma simbólica tem me feito redescobrir várias coisas em mim. E uma delas é que putz, eu sou capaz sim de coisas que pareciam tão impossíveis. E que a criança que nunca deu trabalho pode agorase sentir mais humana, imperfeita, errar.
(Eu vou te amar do mesmo jeito, Manuzinha).
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