Quantas vezes ser diferente foi doloroso pra caramba. Não me encaixar, não ser tão falante, tão descolada, popular. Quantas vezes eu ensaiava cada palavra que ia dizer com medo de ser mal interpretada ou pra manter as amizades.
Quantas vezes foi um caminho solitário, não se ver pertencente. Incluída. Entendida. Reconhecida. Quantos ajustamentos já tive que fazer para ser aceita? Quantas vezes me calei por medo da minha própria voz, por medo de ser vista como antissocial, estranha, metida?
Quantas camadas e armaduras amontoadas por anos e anos, que não eram minhas, que foram necessárias, mas que também quase ofuscaram toda a luz e amor aqui guardados?
Quantas potencialidades e experiências deixaram de ser vívidas por um mundo que insiste em fazer um introvertido se encaixar numa realidade tantas vezes tão superficial e pobre de valores, de simbólico, de espiritual? Tão carente de sentido e de propósito?
Qual a virada de chave, então, se esse mundo não mudar? Brigar com ele, dispender uma energia imensa? Se violentar pra caber em lugares que não são seus?
Não. Eu diria que uma opção pode ser aceitar. Aceitar o desencaixe, a diferença. Uma vez que você aceite quem você é, você para de fazer ajustamentos desnecessários, que vão contra a sua essência.
Nesse momento, a diferença se torna autenticidade. E isso pode ser bom. Ser autêntico é um filtro. Tudo que não ressoar com quem você é não fica perto de você. Isso vale pra tudo: coisas, situações, pessoas. E olha isso poupa uma energia danada!
É simples? Não é. Fácil? Também não. Rápido? Dificilmente. Ser autêntico pode ser a jornada da sua vida. “Sua vida é sua obra”, diz Jung. Ser você mesmo faz parte dessa jornada?
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