Você nunca estará totalmente pronta

Faz mais de um ano que tomei uma das decisões mais difíceis da minha vida: romper uma sociedade profissional de 7 anos. Um escritório lindamente montado, estruturado, e uma carreira onde eu já era uma autoridade no assunto. Durante anos, fui Emanuele Silva, sócia do BMS, parte de uma tríade que parecia funcionar muito bem, com complementariedade.

Mas, nos bastidores, nem tudo são flores como o Instagram faz parecer. No meio do processo, sair pareceu a melhor solução para mim. Foi um corte profundo e doloroso com algo que tantas vezes foi um sonho e, em outras, um delírio. Como todo fim, veio o luto, com suas fases e camadas, que só agora consigo entender melhor.

Uma questão que venho explorando ao longo deste ano (minha psicóloga que o diga, rs) é: quem sou eu após esse fim? Como recomeçar? Como me reconstruir profissionalmente e continuar fazendo aquilo que verdadeiramente aquece meu coração?

Na busca por respostas, silenciei mais. Passei a escutar mais, sentir os ambientes e me posicionar menos. Fui menos dominante e mais conforme. Entrei na minha caverninha enquanto lambia as feridas, chamando o mínimo de atenção, para ter um pouco de paz e leveza.

Com o tempo e o processo terapêutico, comecei a encontrar algumas respostas, a resgatar minha essência, a recuperar meu poder. De grão em grão, degrau a degrau. Uma caminhada contínua.

Finalmente, nas últimas semanas, comecei a entender melhor a força da minha trajetória de vida até aqui. O poder e o alcance da minha voz. Percebi que não consigo me encaixar totalmente em nenhum lugar porque nasci para criar coisas novas, mexer com estruturas, aprender e compartilhar.

Comecei a me lembrar do meu lugar de liderança, da minha escuta qualificada, da minha rebeldia, que me impede de ficar inerte diante de injustiças, ambientes tóxicos e formas violentas de viver. Entendi que, ao invés de esperar que me reconhecessem e me dessem valor, eu mesma posso fazer isso por mim. Porque, na real, eu sou f* pra caralh*. Perceber isso me fez chorar tanto… Como pude me esquecer tanto de mim? Como o luto me bagunçou a ponto de me fazer esquecer do meu poder e da minha luz?

Vencida essa etapa de constatações, choques de realidade e resgate de poder, agora me encontro na fase de: beleza, já entendi para onde quero ir e sobre o que quero falar, mas como organizo e comunico isso para as pessoas? Como coloco esses talentos no mundo e os monetizo?

Nesse afã, tenho buscado algumas fontes de conhecimento. Encontrei um cara falando sobre multipotenciais. Me identifiquei, achei o máximo e criei expectativas. Comprei uma imersão dele. Alguns bons insights, mas no fim, era só um curso para vender outro curso.

Percebi que, no final, sempre descubro que já tinha lido ou ouvido o que foi dito, e a expectativa de uma resposta pronta se revela em frustração, porque respostas prontas não existem.

No fim, só é preciso coragem para fazer o que tem que ser feito: acreditar em mim, colocar no papel o que movimenta minha alma, comunicar isso e saber que, nos corações certos, a conexão se fará.

Entendi que, quando algo nos falta, é porque falta dar algo. Falta em mim mais ousadia para contar minha história. Me posicionar. Assumir de verdade o que quero e viver isso.

Preciso começar, seja nas minhas redes, seja me apresentando em eventos, mesmo que pareça ruim, básico, mesmo que sem jeito. Nunca estarei totalmente pronta, não importa quantos cursos, livros ou conhecimentos eu acumule. Se eu esperar estar pronta para fazer algo, nunca vou começar.

Por isso, entendi que, após o luto, no ciclo de vida-morte-vida, é só vida de novo. (Re)começo. Entendi que só preciso começar. Dar o primeiro passo e seguir, porque a jornada se faz ao caminhar. Então, bora lá!

Meu instagram: https://www.instagram.com/textosdamanuela/

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