Uma vez me empolguei muito com a frase: “a gente tem que parar de ter medo de decepcionar as pessoas”. Naquele tempo, meu movimento era assumir minha essência e lidar com a decepção dos outros sobre isso. Era importante pra mim vencer o medo de que mostrando quem eu era afastaria as pessoas.
Hoje, porém, me ocorreu que além disso, talvez seja interessante como eu lido com a minha decepção. Como reajo quando as pessoas não correspondem às minhas expectativas?
Para começar, tenho consciência que minha decepção fala muito mais sobre mim. Pego conteúdos, crenças e expectativas minhas, jogo sobre os outros e quero que as pessoas correspondam a elas. Quero que elas sintam comigo. Compartilhem dos mesmos estudos, experiências, gostos. Mas nem sempre tudo encaixa tanto assim. Ou nem por tanto tempo.
As pessoas são únicas, assim como eu. Também tem suas próprias crenças, subjetividades. Em algum momento vamos discordar, pegar novos rumos, mudar. E é aqui que vem a decepção.
Como o outro que compartilhava tanto comigo toma uma decisão diferente da minha? Como em uma encruzilhada ele pode não me escolher? Éramos tão iguais, como ficamos tão diferentes?
Ou será que o outro sempre foi diferente, mas minhas lentes de projeção não me deixavam ver?
No fim, o aprendizado talvez seja sobre eu aceitar que as pessoas também vão me decepcionar. Decepções sempre vão ocorrer. Isso faz parte das relações, da dança da vida.
Espero que após a decepção, eu consiga ver o outro como ele é. Respeitá-lo como ele é. Soltar as pessoas. E que elas e eu decidamos se vamos construir (ou não) uma nova relação quando os olhos se verem de verdade.
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