Carta para “Aquela Pessoa”

Oi, Pessoa!

Fico pensando se deveria mesmo te escrever. Sinto que já tentei e esperei tanto, te falar mais uma vez o que tô sentindo vai resolver algo? Mas sabendo que essa carta nunca chegará em você, acho que vale colocar pra fora algumas reflexões e constatações que cheguei ultimamente.

Segundo Henrique e Juliano (sim, vou citar música sertaneja! rs) “todo mundo tem aquela pessoa que tem passe livre, carta branca na sua vida para ir e voltar, quando quiser, nunca vai deixar de ser o que é”. Fico pensando que durante muito tempo você foi essa pessoa para mim. Alguém que mesmo quando nos afastávamos por anos, toda vez que você voltava parecia que tinha a chave do meu coração, de tão fácil que você conseguia entrar nele de novo.

Entre o interesse inicial e onde estamos (ou não estamos) hoje foram tantas fases. Mas o que vejo sempre é uma sensação de “quase”, de “não vívido”, de tudo que poderíamos ser e nunca fomos. Tantos encontros e desencontros. Primeiro, éramos somente amigos, e eu só conseguia te ver com olhos de admiração e amizade. Depois, algo mudou, meu jeito de te olhar passou a ser de encantamento e percebi que tinha uma reciprocidade no interesse.

Ainda lembro do primeiro beijo. Depois quase não nos vimos mais. Você foi namorar outras pessoas, eu também. Eu fiquei solteira e você não estava, depois o contrário. Em outros momentos, nos aproximamos de novo, para se afastar por longos tempos novamente. Eu nunca compreendia porque quando parecia que a gente ia ter continuidade você simplesmente sumia. Expus minha dor com isso, conversamos, e eu só consegui ver alguém com muito medo de amar. Enquanto eu era alguém desesperada demais para amar alguém porque não conseguia me dar esse amor. Também sei que eu jogava expectativas altas sobre nós, hoje eu entendo.

Com o tempo, passei a compreender mais sobre mim e sobre ti. Vi que se era importante pra mim rotular isso, o que tínhamos era uma “amizade colorida”. Não ia passar disso, então, quando nos reencontrávamos, o que eu podia esperar era somente isso. Mas eu no fundo, no fundo, sempre soube que só isso não me bastava.

Depois dessa última vez que te vi, fiquei tão feliz por desfrutar do momento vivendo somente ali, em presença. Pelas nossas conversas, fofocas de atualizações sobre a vida de cada um, pelas nossas risadas, por poder celebrar contigo a pessoa que eu sou hoje e ver teu olhar de admiração sobre mim. Foi ótimo ver como você parece ter lido meu manual, sem nem saber, pois você sabe exatamente o que eu gosto ou não gosto. Acho que foi o momento perfeito para ser a última lembrança boa desse “nós” que nunca existiu de verdade.

Como eu sei pela experiência já vívida que pode levar anos para a gente se reencontrar de novo, e como seu silêncio já é uma resposta para mim, eu quero te agradecer por tudo, tudo que a gente foi e pelo que a gente não foi. Até porque esse “não foi” pode estar cheio de idealização que uma semana de convivência de verdade pode matar. E eu acho que você nunca vai mudar, você nunca vai ser o que eu quero que seja. Não tenho como te forçar, e também tô cansada, sabe? Tô ficando velha e acho que não tenho mais estrutura para viver nessa montanha-russa de emoções que essa nossa “relação” me traz. A paz, a calmaria e uma companhia mais frequente para compartilhar boas experiências importam mais para mim hoje em dia.

Espero que você seja muito feliz na sua jornada. Desejo que algum dia você deixe alguém te amar, e possa abrir seu coração também… passar uma vida aqui sem sem sentir a força do amor não seria um grande desperdício? Espero que você nunca se arrependa por ter me perdido, a dor do arrependimento machuca demais. Da minha parte, sinto que fiz tudo o que podia para demonstrar que eu estava aqui, por você. Não sinto raiva, mágoa, nem rancor. Só sinto um lamento profundo. Mas vai passar.

Saiba que amei você, mas a partir de hoje você não tem mais “passe livre”, nem “carta branca para ir e voltar”. Sinto que é a hora dessa história acabar. Só assim a gente pode seguir sem se machucar e honrar o sentimento bom que sempre nos permeou: a amizade. Talvez esse sentimento ainda valha cultivar. Será?

Com amor,

Manu.

Me siga também no instagram: https://www.instagram.com/textosdamanuela/

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *