“Se eu soubesse que ficaria tão bonita, eu teria sofrido menos”. Esse pensamento me ocorreu um dias desses e foi muito interessante de ver ele aparecendo. Compartilho com algumas amigas (e muitas inclusive, mulheres negras), a experiência de ter tido uma adolescência não muito empolgante no quesito beleza e namoradinhos.

Muito se deve ao fato de não ter tido a tal “beleza padrão barbie” reinante. Eu, ainda por cima, desde criancinha fui a nerdzinha “tímida”, magricela, com a cara enfurnada nos livros. E a cada ano da adolescência que avançava e que o corpo padrão não vinha a autoestima se corroía.

Lembro de entrar na universidade com 18 anos aparentando ter uns 15. E só depois dos 20 começar a ver alguma curva aqui e ali. Então a experiência de não ser escolhida nem ter tantas histórias pra contar da fase xovem é um tema que domino bem.

E aí o tempo vai passando, fui vivenciando tanta coisa, veio a profissão e me fez aflorar meu lado mais poderoso (e vi que não era tímida nada, eu fui silenciada) e dos 27 pra cá, depois de assumir meus cachos, as coisas começaram a mudar.

Hoje a nerdzinha até posta foto de biquíni! E pensa que se soubesse que ficaria tão bonita, não teria chorado tantas noites pensando em porquê meu corpo não se desenvolve?

Só que eu tenho pra mim que se na verdade eu soubesse que sempre fui bonita, nem teria passado por todo esse sofrimento. Se me tivessem dito que minha beleza também era real, meus cabelos eram lindos e eu não precisava alisar, que o corpo feminino tem seu tempo e formas diferentes, talvez teria sido diferente?

Se tivessem me dito que há uma diversidade de jeitos de ser bonita, de se vestir, de existir no mundo e que eu poderia ser como eu quisesse? Se eu soubesse da minha beleza desde sempre, hoje eu não precisaria desconstruir tanta coisa que me fez duvidar.

Desejo de domingo: um mundo em que cada menina seja acolhida e escute: “você é linda e inteligente. E você pode ser o que você quiser”. Eu gosto de esperançar.

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