Eu tenho um hábito: às vezes me pego tentando relembrar o que eu estava fazendo nessa mesma data um ano atrás. Onde estava, com quem estava, quais eram meus pensamentos, sentimentos, situações vividas. Vejo também que mudanças tive de um ano pra cá.
Quando completei um ano desde o dia em que fui morar sozinha, acordei com a lembrança de como estava no ano anterior. Tinha acabado de me mudar de apartamento, eu estava aprendendo a morar sozinha, me acostumando com a solidão e meus medos.
Quando você de fato vai morar só você percebe que, como tudo na vida, não é esse conto de fadas que todos pintam. Tem seu lado bom e seu lado ruim. Dias de glória e dias de lutas, como dizem.
O surpreendente é que, com poucos dias de mudança de casa, surgiu uma oportunidade de viajar, coisa que há tempos eu não fazia mais. A mudança de casa tinha sido motivada principalmente por questões financeiras, buscando morar em um local mais perto do trabalho para reduzir os custos com transporte.
Eu estava bem no modo “supercontroladora/estado de sobrevivência”, contando os gastos e fazendo restrições. Mas mesmo assim eu fui. Com medo, com pouca grana. E como sempre acontece com toda viagem, não voltei a mesma. Não tinha como.
O nome do lugar: Canoa Quebrada. Mais a ver com meu momento impossível. Eu me sentia um barco, entrando em águas desconhecidas, à deriva. Mas viajar tem uma mágica toda especial.
Parece que a gente entra numa realidade paralela, como se fosse te dada a oportunidade de ser outro, vestir outra pele, ser desconhecido em um lugar e desbravar novas terras. Uma sensação de aventura que nos tira da mesmice, faz esquecer as dores, renova as energias.
Voltei da viagem satisfeita por ter ido e com a sensação de que ela foi umas boas-vindas para a casa nova, para simbolizar e marcar o início de um novo momento. Um ano depois ainda lembrei com carinho de tudo que senti e vivi naqueles dias. “Relembrar é viver de novo”, né? Ter boas lembranças aquece o coração.
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