Postar foto de biquíni? Nunca. “Podem me julgar”.
Durante um tempão isso ressoou na minha cabeça. O medo do julgamento alheio. A impossibilidade de expor meu corpo por causa da minha profissão, da minha personalidade, da imagem que eu tenho que passar.
Até que chega os 30 e pelo menos pra mim, foi diminuindo o peso da aprovação alheia. Tantas práticas, livros, yoga, terapia, pole dance e autoconhecimento pra chegar e bancar o que eu sinto: eu acho meu corpo tão lindo e eu quero mostrar isso. Eu não mudaria nada nele. Me sinto confortável e segura com o corpo bonito e saudável que tenho.
Pra mim a maturidade vem trazendo uma paz com a pele que eu habito: nós não temos brigado mais. Claro que nem sempre é assim, como tudo na vida, tem dias de altos e baixos. Mas a liberdade de aceitar cada pedacinho meu, de acolhê-lo, cuidar dele e aceitá-lo tem sido uma dádiva.
Ainda há outras questões. Sim, hoje posso expor meu corpo. Isso diz da minha competência? Não. Continuo fazendo muito bem meu trabalho. Isso me hipersexualiza, enquanto mulher negra? Sou consciente de que podem fazer essa leitura. Me importo com isso? Sinceramente, hoje não.
Hoje eu não quero caber em caixas. Eu não quero ser a inteligente que não pode ser sexy, nem a sexy que não tem que ser vulgar. Nem a bela, recatada e do lar.
Hoje eu quero ser só minha. Quero só esse confortozinho de celebrar o corpo que me foi dado. Quero honrá-lo, em todas as suas imperfeições, cicatrizes, marcas, belezas, texturas. Hoje eu quero a paz de não precisar mudar nada.
Só por hoje.
Amanhã eu posso mudar (e tudo bem também. O corpo é meu).
Então, sim. Podem me julgar.
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