“Por causa de um grito não se perde uma boiada”. Escuto essa pérola popular da minha mãe faz muito tempo, tanto que já incorporou na minha vida. Quem acompanha meus textos sabe o quanto verbalizar, escrever, falar o que eu estou sentindo é vital pra mim, praticamente um ritual terapêutico. Falar é cura permanente para mim.
Acho curioso, entretanto, como isso parece ir na contramão do socialmente aceito. Não somos ensinados sobre como lidar com nossas emoções, temos que esconder o que sentimos para não constranger ninguém, podemos “assustar” as pessoas se somos verdadeiros desde o princípio. Vivemos vestidos em armaduras do “eu não importo”, “eu não sinto nada”, “o outro tem que adivinhar o que eu quero”, “se eu falar o que eu penso, vai acabar”.
Minha armadura está defeituosa então. Expor minhas necessidades, lidar com o que vai vir, ouvir e principalmente falar o que eu estou sentindo é visceral por aqui. Ainda não aprendi a ser de outro jeito (e sinceramente, nem acho que quero). Andar assim, deixando à mostra as vulnerabilidades pode até trazer mais “decepções “, mas também tem sido um filtro e uma fonte de livramentos. Ao mesmo, tem sido um ponto de encontros com quem realmente se afina e compartilha de viver num mundo real, de forma real.
Posso culpar meu signo também, vão dizer que toda sinceridade (ou sincerícido, às vezes) é a lua em sagitário kkkkkk mas eu não sei viver sem falar e dar uns gritos de vez em quando. Hoje, claro, aprendi a gritar antes de estourar ou só quando é solicitada minha opinião (sempre antecipada por um “posso falar né”?). Venho aprendendo a respeitar os espaços e tempos dos outros e que minha verdade nem sempre vai ser a do outro.
Só sei que é uma arte, viu, esse negócio de se comunicar. Não é algo linear, é algo que só se aprende com muita prática, com muito treino pra colocar pra fora e a gente mesmo não se julgar pelo que está sentindo, e também com muita escuta pra trocar com o outro.
É aprender a colocar o coração em cada palavra. É aposentar a armadura que pode até nos proteger, mas que está nos sufocando e impedindo de crescer. É ter coragem pra bancar quem se é.
Algum corajos@ por aí?
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