“Sentia um acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu encanto diferente, cada passo condizia a um êxtase, e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações!”
(O Primo Basílio, Eça de Queiroz)
E não é que os 30 anos chegaram? Primeira libertação: assumir a idade sem neuras. Cada idade é única (afinal a gente não faz nenhuma delas mais de uma vez hahaha) mas algumas são mais marcantes do que outras. Aos 10 anos tudo que a gente queria era já ser adulto pra poder andar sozinho, saber das coisas que os adultos acham que a gente não entendia mas a gente entendia sim!
Aos 15 anos, para as meninas, adolescência, se “descobrir mulher”, um pouco antes um pouco depois. Aos 18, ser civilmente capaz, entrar na universidade. Aos 23 se formar, começar uma vida profissional, engatinhar alguns passos longe das asas dos pais.
Eu confesso que vivi e partilhei de todos os sonhos, desejos, medos, alegria de todas essas idades. E eu acolho, honro e agradeço a cada uma das Emanueles que passou por elas. E aí chegaram os 30. Depois do famoso retorno de Saturno (aquariano gosta de astrologia, aceitem kkkkk), depois de olhar pra mim de verdade, me permitindo viver o autoconhecimento e alguns dos muitos aprendizados (contínuos) da maturidade, sinto sim, uma certa leveza.
Quinze anos depois da “descoberta de ser mulher”, depois de ler, analisar, vivenciar, me conectar, hoje eu entendo o que é ser mulher, de verdade. Hoje eu me sinto em paz com esse corpo que é meu, que me permite andar, correr, trabalhar, amar. Que é saudável e lindo.
Hoje eu me sinto em paz com minhas decisões, com minha personalidade mutável mas também cheia de valores inegociáveis, hoje eu posso colocar a cabeça no travesseiro e dormir sem culpas nem mágoas. Hoje eu sou grata pela minha vida, pelas pessoas que estão nela, que me tocam, que me inspiram: família, amigos, parceiros, conhecidos, desconhecidos.
Hoje, apesar de muitas vezes o trabalho ser corrido, apesar de muito ainda a realizar, eu não mudaria nada. Tudo está como deve estar. Aos 30 anos, o presente é um presente.
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