O equilibrista: alguém que, numa dança contorcionista, busca equilibrar todos os pratos girando, evitando que algum caia. A metáfora perfeita para os momentos em que, numa vã ilusão, acreditamos que podemos equilibrar todos os nossos pratinhos: as milhares de pendências no trabalho; os sapos que a gente engole de clientes e chefes; os relacionamentos, seja amoroso, seja de amizade, que ainda mantemos por preguiça ou medo da solidão; as obrigações com TCC, inglês, cursos porque acreditamos que temos que sair dessa quarentena melhores que entramos; os filmes, os tiktoks, os reels, as séries, os livros, aos milhares para assistir, consumir, ver.

E seguimos mantendo todos os pratinhos girando. Mas os braços do contorcionista começam a doer, a cabeça também, os dentes rangem, os ouvidos têm zumbido, o maxilar sobrecarrega. “Tá ficando pesado”, o corpo diz.

Não escutamos. Então, sinaliza a mente. Nós sentimos cansados, sugados, ansiedade explode, depressão atormenta. “Tá ficando insustentável”, a mente diz. Aí de duas, uma: não escutamos. Podemos seguir no automático, girando os pratinhos, sem ver os sintomas, ou entupindo eles de remédios e distrações.

Ou, escutamos. Paramos. Dizemos: “tudo bem, corpo e mente, deixa eu te ouvir”. Aí eles perguntam: “precisa mesmo de tudo isso?”; “isso que você ainda está mantendo é saudável?”; “Você está feliz?”; “O que você pode soltar?”; “pra quem você pode pedir ajuda?”.

E a pergunta mais importante: “Por que você não deixa alguns pratos caírem?” Talvez seja interessante experimentar.

Meu instagram: https://www.instagram.com/textosdamanuela/

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *